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Treinamento para realização de teste de antígeno. Foto: Ingrid Anne/Fiocruz Amazônia. 

Um total de 7,5 milhões de dólares americanos (aproximadamente 37,3 milhões de reais) foi destinado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para organizações da sociedade civil que atuam na Amazônia brasileira em resposta urgente ao COVID-19.

O financiamento vem da primeira e segunda fases da iniciativa NPI EXPAND Brasil: Resposta à COVID-19 na Amazônia. Na segunda fase, 21 organizações implementam 23 projetos nos nove estados amazônicos: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

O objetivo é apoiar as organizações a promover a vacinação em comunidades amazônicas contra o vírus SARS-CoV-2, fortalecer o sistema público de saúde para prevenção e controle à transmissão da COVID-19, disseminar materiais informativos a fim de combater a desinformação e as fake news, fornecer equipamentos e suprimentos médicos e hospitalares e monitorar casos agudos e a síndrome pós-COVID-19.

A Amazônia brasileira vem sendo extremamente vulnerável aos efeitos devastadores da pandemia de COVID-19. A situação se agrava pela complexidade da região: diversidade populacional – vivem na Amazônia populações indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhas e grupos vulneráveis nas periferias das cidades –, mosaico de ecossistemas nativos, dinâmica sazonal dos ciclos das águas dos rios, longas distâncias a percorrer entre centros urbanos, baixa densidade e alta dispersão populacional, áreas de difícil acesso, ausência de infraestrutura viária, etc. Além disso, a região amazônica sofre com a falta de serviços e o baixo investimento governamental em saúde, infraestrutura, equipamentos médicos e recursos humanos.

“Infelizmente, a pandemia da COVID-19 continua pressionando os sistemas de saúde, especialmente em áreas que já eram mal atendidas, como a Amazônia. A segunda fase da NPI EXPAND Brasil ajudará a apoiar os serviços de saúde neste momento crítico e a fortalecê-los para o futuro”, diz Ted Gehr, diretor de Missão da USAID Brasil.

Populações ribeirinhas, extrativistas, indígenas, quilombolas, imigrantes, mulheres e grupos vulneráveis em áreas urbanas são especialmente afetadas pela pandemia, o que acaba sendo agravado pela falta de insumos médicos, equipamentos e infraestrutura necessários para tratar dos casos mais graves de COVID-19.

“A pandemia trouxe à luz os desertos médicos da região amazônica, onde, além das profundas desigualdades socioeconômicas, há uma ausência de serviços públicos de saúde, investimentos e recursos humanos. Embora haja uma percepção geral de que a pandemia acabou, a iniciativa continua incrivelmente relevante para as populações vulneráveis da Amazônia brasileira. Ao promover parcerias intersetoriais, pretendemos criar maior resiliência à COVID-19 e outras ameaças pandêmicas na região”, afirma Nina Best, líder da equipe nacional da NPI EXPAND Brasil.

A Amazônia brasileira já registrou mais de 4 milhões de casos confirmados de COVID-19, além de mais de 130 mil mortes desde o início da pandemia. O número total de casos pode ser maior, pois é provável a subnotificação devido à falta diagnóstico e notificação. O Brasil ocupa o segundo lugar em mortes devido à disseminação global do vírus da COVID-19, atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com o Johns Hopkins Coronavirus Resource Center.

Municípios onde é implantada a segunda fase da NPI EXPAND Brasil.

A NPI EXPAND Brasil é liderada pela USAID e implementada pela Palladium com apoio fiduciário da Sitawi Finanças do Bem. Autoridades de saúde locais, estaduais e federais são parceiras da iniciativa.

A segunda fase, iniciada em maio de 2022, promove campanhas de comunicação de risco e engajamento da comunidade para incentivar e aumentar a demanda e a cobertura vacinal para prevenção à COVID-19, e combater a desinformação e as fake news contra a vacina da COVID-19. Espera-se que mais de 7 mil pessoas recebam o esquema completo de vacinação (dose única ou primeira e segunda dose) e 9 mil pessoas recebam, pelo menos, uma dose de reforço da vacina.

Outra contribuição esperada é a prestação de assistência técnica no manejo de casos de COVID-19 a mais de 240 estabelecimentos de saúde na Amazônia brasileira e o treinamento de 3,8 mil profissionais de saúde para o gerenciamento desses casos.

Está prevista a formação de agentes comunitários, médicos, enfermeiros e voluntários para fortalecer os sistemas de saúde locais. As metas incluem treinamento de 3,4 mil pessoas em vigilância e resposta rápida a casos de COVID-19 (investigação, rastreamento de contatos e busca de casos) e treinamento de 6,2 mil profissionais e não profissionais de saúde em comunicação de risco e engajamento comunitário.

A primeira fase da NPI EXPAND Brasil foi realizada em parceria com a Plataforma de Parcerias para a Amazônia (PPA) entre 2019 e o primeiro semestre de 2022. Acesse www.ppa.org.br/ppa-solidariedade e descubra os resultados e impactos, assim como esta peça no site da NPI EXPAND.

Festival Art&Com Saúde promove vacinação em Novo Airão (AM). Foto: Ícaro Matheus/FVA.

Na segunda fase, os esforços das 21 organizações que implementam os 23 projetos apoiados pela NPI EXPAND Brasil se somam a décadas de trabalho e liderança dos EUA em lidar com crises globais de saúde. Os projetos beneficiam comunidades em 205 municípios da região amazônica.

Um dos projetos, do Grupo Mulheres do Brasil (em parceria com a Fiocruz/Bio-Manguinhos), fortalece as capacidades locais de saúde para imunização contra a COVID-19 por meio de capacitação profissional, promoção da vacinação e apoio logístico para campanhas de conscientização.

Iniciada em julho de 2022, a campanha Vacina Já Amapá é parte das ações do projeto. A campanha já capacitou mais de 200 profissionais de saúde por meio do Programa de Capacitação de Monitores em Imunização, realizado pela Fiocruz/Bio-Manguinhos. A campanha visitou 16 municípios e treinou quase 900 agentes comunitários de saúde. Foram doados mais de 600 oxímetros para medir os níveis de oxigênio da população em atividades de campo e distribuídos 4 mil cartazes e folders informativos e educativos em linguagem adaptada à realidade regional para serem fixados em postos de saúde e outros locais de acesso público.

A Fundação Vitória Amazônica (FVA) tem promovido engajamento comunitário com atividades de educação em saúde e arte para aumentar a cobertura vacinal contra a COVID-19 em Novo Airão (AM). A FVA realizou o festival Art&Com Saúde entre os dias 3 e 5 de novembro de 2022 para conscientizar sobre a importância da vacinação. Foram oferecidas oficinas de xilogravura, caricatura e pintura infantil, barracas de artesanato local, comida típica, arte e acessórios indígenas Desana e Saterê Mawé. De setembro até os dias do festival, 917 pessoas foram vacinadas contra a COVID-19 (primeira dose, segunda dose, primeira dose de reforço ou segunda dose de reforço). Durante o festival, foram produzidos e distribuídos materiais para combater a desinformação e as fake news.

As organizações que implementam os projetos apoiados pela NPI EXPAND Brasil adquiriram e entregaram mais de 10 mil testes de diagnóstico rápido para COVID-19 e 1.693 produtos relacionados à oxigênio (oxímetro, concentradores, plantas geradoras de oxigênio – PSA, etc) nos nove estados da Amazônia brasileira.

Até janeiro de 2023, as 21 organizações treinaram:

• 1.983 funcionários e voluntários em assuntos relacionados à vacina da COVID-19;
• 2.899 profissionais e não profissionais de saúde em comunicação de riscos e engajamento comunitário (RCCE);
• 2.490 pessoas em vigilância e resposta rápida (investigação, rastreamento de contatos e busca de casos) para a COVID-19;
• 26 profissionais de saúde em testes de COVID-19 ou transporte de amostras;
• 2.081 trabalhadores em Prevenção e Controle de Infecções (IPC) à COVID-19 e/ou Água, Saneamento e Higiene (WASH);
• 2.309 profissionais de saúde no gerenciamento de casos de COVID-19.

As organizações também apoiaram 507 pontos de vacinação de serviços de saúde locais para facilitar a vacinação contra a COVID-19 em comunidades remotas e vulneráveis na região amazônica. Mais de 4,5 mil doses da vacina COVID-19 foram aplicadas, incluindo a primeira (1.297), a última dose recomendada da série primária (1.359) e as de reforço (2.086).